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GRUPOS DE TRABALHO

Grupo de Trabalho em Foucault

Periodicidade: quinzenal. Quinta-feira, das 09h às 10:30h.

Representante: Edna Magno da Silva Lima

O objetivo deste Grupo de Trabalho é articular os saberes desenvolvidos pelo filósofo francês Michel Foucault e a psicanálise. É muito comum se referir ao pensamento de Foucault como sendo radicalmente crítico para com a psicanálise, o que não deixa de ser verdade. Ao afirmar que o discurso psicanalítico seria uma extensão dos saberes psiquiátricos que se constituíram a partir do renascimento e, que teriam por objetivo, a constituição de poderes que visariam o controle das subjetividades, ou como nos diz Foucault, uma continuação do tratamento moral das diferenças e anormalidades, Foucault abre um campo extremamente interessante para que possamos repensar a psicanálise na contemporaneidade e, a partir disto, evitarmos a tentação das verdades absolutas, da arrogância curativa e dos fundamentalismos que infelizmente ainda são uma tônica comum em alguns setores do pensamento e das instituições psicanalíticas.

Grupo de Trabalho em Psicopatologia

Periodicidade: mensal. Segunda quinta-feira de cada mês, das 08:30h às 10h.

Representante: Rose Mara Coimbra campos Azevedo 

O objetivo é a partir do atual organicismo da psiquiatria, a serviço do biopoder e da indústria dos psicofármacos e que está muito bem representado no DSM V, discutir a psicopatologia na atualidade. Assim, tendo como teorias centrais a psicopatologia psicanalítica, a biopolítica foucaultiana e a retomada da subjetividade como fator determinante na produção das doenças mentais, tal percurso visa a produzir um discurso que possa se contrapor a este novo higienismo, medicalização e psicopatologização dos sujeitos na contemporaneidade.

Grupo de Trabalho em Psicanálise, Filosofia e Literatura

Periodicidade: mensal. sábados, das 09h 30 às 11:00h.

Representantes: Vinícius Lara da Costa e Ana Carolina Campos Pereira Serpa

Contato: vinicius.lara@yahoo.com.br

 

A construção teórica da psicanálise beneficiou-se intensamente dos campos da filosofia e da literatura, partilhando com eles o território comum da linguagem e das representações. Vários são os exemplos da utilização freudiana da literatura em seu percurso teórico, como nos casos de Delírios e sonhos na “Gradiva” de Jensen, Contribuições

a um questionário sobre literatura, Escritores criativos e devaneio, Dostoiévski e o parricídio ou O estranho, para citar apenas algumas referências. No horizonte da filosofia, o diálogo de Freud com as obras de Franz Bretano, Nietzsche e Schopenhauer são patentes, o que torna possível a identificação de uma tradição filosófica que rompe com o iluminismo progressista remanescente do século XVIII e XIX, adentrando nas raias da filosófica existencial que se

desenvolveria no século XX.

As intercessões entre literatura, filosofia e psicanálise se projetam, assim, numa esteira de relações de influência, sendo possível identificar tanto aquelas fontes que serviram de base às reflexões freudianas, quanto aquelas que beberam nas águas da metapsicologia. Posto que não há filosofia, literatura ou arte desligadas de sua época, um enfoque psicanalítico pode, através da significação dos discursos, levar às matrizes da cultura em suas tentativas

de administrar o mal-estar fruto da renúncia pulsional civilizatória. O personagem na literatura, ou o filósofo em seu sistema de pensamento, sempre representam um modo de viver, uma racionalidade e as formas que uma determinada cultura usa para resolver seu conflito entre o desejo pulsional e a presença do outro.

Neste grupo de trabalho pretende-se debater, com ênfase em textos freudianos, as relações entre esses três campos do saber e seus desdobramentos na construção de sentidos para o sujeito da contemporaneidade, mantendo como eixo de discussão a leitura de obras clássicas da filosofia e da literatura à luz da psicanálise.

Grupo de Trabalho em Psicanálise e questão social 

Periodicidade: mensal. sábados, das 09h 30 às 11:00h.

Representantes: Vinícius Lara da Costa e Mateus Borges

Contato: vinicius.lara@yahoo.com.br

 

Durante o Quinto Congresso Psicanalítico Internacional realizado em Budapeste no ano de 1918, Freud realizou um pronunciamento intitulado Linhas de Progresso na Terapia Psicanalítica, no qual realiza breve síntese a respeito da psicanálise no pós-guerra apontando também, para seu compromisso social:

“Vamos presumir que, por meio de algum tipo de organização, consigamos aumentar os nossos números em medida suficiente para tratar uma considerável massa da população. Por outro lado, é possível prever que, mais cedo ou mais tarde, a consciência da sociedade despertará, e lembrar-se-a de que o pobre tem exatamente tanto direito a uma assistência, à sua mente, quanto o tem, agora, à ajuda oferecida pela cirurgia, e de que as neuroses ameaçam a saúde pública tanto quanto a tuberculose, de que, como esta, também não podem ser deixadas aos cuidados impotentes de membros individuais da comunidade.” Freud, 1918.

Contemplar criticamente o sofrimento psíquico coloca em perspectiva reflexões tanto nos modos como os indivíduos constroem sua subjetividade, quanto nos dispositivos culturais aos quais ele está submetido nas diversas dimensões da vida em comunidade. Da mesma forma que não é possível pensar uma psicologia do sujeito dissociada daquela de um coletivo, é impossível vislumbrar uma nosografia do sofrimento psíquico sem atentar para as interseções entre sociedade, cultura e trabalho.

Ainda que se possa situar Sigmund Freud em um espectro político liberal, e a psicanálise como um saber burguês - cada vez mais hermético e elitizado após sua morte - duas outras questões tornam-se relevantes a partir deste momento do movimento psicanalítico mundial - pelo menos até a catástrofe da Segunda Grande Guerra. A primeira se concentra no surgimento dos ambulatórios/clínicas públicas de psicanálise fundados em diversos locais da Europa, com vistas ao atendimento popular e à formação de novos analistas. A segunda, menos explícita sem o viés de uma leitura política, aponta para o problema das sociedades pós-industriais, suas relações com o trabalho e o acesso aos frutos da nova lógica produtiva, o que desde o início do século XIX convencionou-se chamar de “questão social”. Inicialmente essa foi uma ideia associada ao pauperismo, mas que, gradualmente, por uma leitura marxiana das relações de produção, tornou-se mais evidente tratar-se de uma das consequências do desenvolvimento capitalista que produz e agrava, compulsoriamente, a questão social pela alienação e destituição do trabalhador de si mesmo.  Em um primeiro momento transformando-o em indivíduo-corpo de produção, e, em seguida, indivíduo-corpo de consumo.

No tempo presente o tema das clínicas públicas em psicanálise e a função social e política do ofício analítico tem ganhado projeção no cenário brasileiro, sobretudo, diante de um aumento da precarização do trabalho, da miséria e da morte enquanto política de Estado. Neste cenário colocam-se perguntas como: psicanálise para quê? Psicanálise para quem?

O objetivo deste Grupo de Trabalho é promover o debate - em extensão - da psicanálise juntamente a outros campos do saber social com vistas à produção de conhecimentos e atos voltados criticamente às clínicas públicas. Realizaremos este percurso partindo de uma historiografia psicanalítica da relação dos ambulatórios de psicanálise destinados às camadas mais pobres da sociedade e tendo como meta a proposição de caminhos possíveis - mais do que isso, necessários - para essa episteme diante das circunstâncias históricas, políticas e sociais do Brasil. A partir da construção coletiva pretende-se gerar condições para a criação de um coletivo de psicanalistas dispostos a pensar a questão social através de espaços públicos de atendimento destinados à populações periféricas e estigmatizadas.

O GT se reunirá mensalmente, sempre no segundo sábado, entre as 09h30 e as 11h30, de forma presencial na sede do Espaço Brasileiro de Estudos Psicanalíticos de Juiz de Fora.

Grupo de Trabalho Psicanálise e Clínica Contemporânea

Periodicidade: quinzenal. 

Representantes: Leila Guimarães e Vinícius Lara da Costa 

Contato: lguimen63@gmail.com

A clínica psicanalítica, enquanto parte fundante da teoria metapsicológica, sempre esteve no eixo central da produção de reflexões a respeito da técnica e da episteme da psicanálise em suas relações com a cultura e a constituição dos sujeitos. 

Se por um lado a teoria freudiana aponta para a desconstrução do sujeito kantiano clássico, estruturado em torno da noção de uma racionalidade consciente como fundação de sua existência, substituindo esta leitura pela do sujeito do próprio desejo - o sujeito do inconsciente -, por outro, a contemporaneidade e suas expressões normativas derivadas de uma racionalidade neoliberal produz cada vez mais indivíduos clivados em sua constituição e precarizados no modo pelo qual representam a si mesmos, na medida em que a alteridade - pólo constitutivo do psiquismo - se encontra precarizada. Sendo o psiquismo constituído a partir das transmissões que a experiência com um corpo vivo possibilita, o mundo contemporâneo parece pretender uma "transmissão" advinda do anonimato, das máquinas, das telas, dos dados produzidos a cada dia pela tecnologia avançada. Ou seja, uma transmissão que se faz marcada pela ausência de um corpo vivo, pela ausência da alteridade.

Nesse sentido, como pensar a transmissão a partir da conjuntura sociopolitico-econômica que se instaurou nas últimas décadas do século XX e que se impõe nas primeiras décadas do século atual? Como pensar a alteridade? Como pensar a constituição subjetiva nessa mesma conjuntura? Como pensar o futuro? Somadas as essas circunstâncias - e talvez como derivações das mesmas - lidamos cada vez mais com a ampliação dos cenários de exclusão social, a relação com migrantes, a ampliação dos debates étnicos e identitários e as consequências políticas da identificação com agressor pela via de discursividades negacionistas e perversas materializadas no discurso de morte que vem ganhando evidência na ascensão de líderes de extrema direta em diversas regiões do planeta. Tudo isso convoca a figura do psicanalista a pensar a estruturação de sua clínica em função de seus novos limites sócio-históricos e culturais.

A literatura tradicional possui seus casos paradigmáticos, a partir dos quais pode-se contemplar certos movimentos da técnica, sem esgotar o fenômeno em e da análise. A questão se volta, no entanto, em perceber como os cenários clínicos de uma nosografia psicanalítica se transferem em expressão e abordagem para o contexto contemporâneo, em uma perspectiva de extensão do saber psicanalítico em relação a outros campos do conhecimento.

Este grupo de trabalho tem como objetivo o estudo das múltiplas perspectivas em torno das clínicas psicanalíticas contemporâneas em articulação com os fundamentos da metapsicologia e demais inquietações teórico-clinicas propostas por outros teóricos e comentadores do campo.

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